
Pequi
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Associação Indígena Kĩsêdjê (AIK).
Terra Indígena Wawi, Território Indígena do Xingu (TIX).
"Nossa iniciativa foi a única solução [para obter renda] que achamos mais viável e que não agride ninguém, nem o meio ambiente. Nós reconquistamos nosso território tradicional do povo Khīsêtjê, a Terra Indígena Wawi, em 1998. Em nosso território havia áreas desmatadas por fazendeiros que chegaram quando os irmãos Villas-Bôas nos levaram para o Parque Indígena do Xingu, em 1959. Usamos o pequi para fazer a floresta de novo, com fruta que a gente consome. O pequi é natural, orgânico, não usa veneno, a gente pode usar à vontade. Plantamos nas roças onde a floresta foi derrubada e aproveitamos para comer e tirar o óleo para passar na pele e pintar para as festas. Agora o pequi está sobrando, e começamos a tirar o óleo para comercializar. Esse trabalho fazemos só uma vez no ano, todo mundo junto, com um mutirão na época do pequi, de forma que não atrapalha a nossa convivência, cotidiano e atividades tradicionais. Essa atividade visa criar alternativas de trabalho e renda capazes de manter as próximas gerações na aldeia e na cultura tradicional nossa.” - Winti Khīsêtjê, da Associação Indígena Kîsêdjê (AIK)
O pequi (Caryocar villosum) é uma espécie domesticada pelos povos do Alto Rio Xingu, onde ocorrem diversas subespécies endêmicas. Os povos alto-xinguanos possuem um complexo sistema de manejo do pequi, que inclui além de práticas agrícolas e silviculturais, festas, mitos e rituais associados à espécie.
Considerado como patrimônios familiares, os pequizais estão presentes nas roças Khīsêtjê há tempos remotos. Eles localizam-se próximos às aldeias, facilitando o trabalho de coleta de outubro a dezembro. Seu fruto tem um valor que transcende a culinária e está presente nos mitos, rituais e festas do povo Khīsêtjê. O Hwĩn Mbê (óleo de pequi, em Khīsêtjê) é produzido de forma tradicional – inteiramente a frio –, o que resulta em um produto único, que preserva o sabor, a cor, o perfume e as propriedades do fruto. A extração começou em 2011, em um trabalho coordenado pela Associação Indígena Kīsêdjê (AIK), com o apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e financeiro do Instituto Bacuri e do Grupo Rezek.
Nesse contexto, uma miniusina foi implementada com tecnologia específica para o processamento de óleo pelo método tradicional e em escala comercial. Houve também a plantação de novos pequizais, como estratégia de recuperação de áreas degradadas, formação de sistemas agroflorestais, produção de alimento e geração de renda para a comunidade. Em uma miniusina na aldeia Ngôjhwêrê, durante anos de boa safra, estima-se que a produção possa chegar a 500 litros. Em 2023, cerca de 74 litros foram obtidos pelos Khīsêtjê.
Em 2019, a Associação Indígena Kīsêdjê (AIK) venceu o Prêmio Iniciativa Equatorial, concedido a cada dois anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para soluções locais e indígenas de desenvolvimento sustentável.
Grupo Pão de Açúcar, no Programa Caras do Brasil, Box Amazônia/Mata Atlântica no Mercado de Pinheiros (SP), New Harmony Cosméticos, Dalva & Dito Restaurante (SP).